11 de fev. de 2014

Dietas não funcionam


Ou melhor, funcionam por um tempo determinado.

Em todos esses anos que trabalho com obesidade atendi centenas de pessoas com a mesma história. Emagreceram 10, 20, 30 kg durante a vida, mas ganharam tudo de novo...e um pouco mais. O que nos leva a concluir que o difícil não é perder peso  mas sustentar uma mudança de vida a longo prazo.
Não é a toa que o mercado de dietas movimenta bilhões de dólares. Infelizmente, as pessoas não percebem que acabam consumindo dietas da mesma forma que consomem comida: compulsivamente.

Isso acontece por alguns motivos que a Psicologia pode explicar:

1.       As dietas são sempre restritivas
Reduzem carboidratos, ou glúten, ou lactose, ou gorduras etc. Mas quem tem problemas com a comida termina em um episódio de compulsão alimentar toda vez que se coloca em restrição. Restrição causa compulsão porque tendemos a compensar qualquer atitude radical e unilateral que tomamos na vida. E daí o ciclo vicioso: restringimos – perdemos peso – entramos em compulsão – ganhamos peso de novo.

2.       As dietas se vendem como uma solução milagrosa
Quando vivemos um conflito psicológico temos a sensação de que somos impotentes diante daquilo que nos causa angústia e assim acontece com quem come demais e se sente paralisado entre o desejo de emagrecer e o impulso de comer. Quem vivencia esse conflito acaba fragilizado e fica mais fácil de ser convencido que uma nova dieta pode ser a solução mágica para os seus problemas. E a indústria se aproveita disso.
Mas a solução mágica não existe. Enquanto o conflito não for resolvido não haverá mudança a longo prazo.

3.       Dietas não ensinam a lidar com as emoções
Quem come demais não faz isso porque tem fome. Quem come além da conta está interpretando mal as sensações corporais ou está buscando alívio para algum desconforto emocional. E enquanto não aprender a lidar com isso voltará a comer compulsivamente em algum momento da vida.

Algumas dietas funcionam temporariamente e acabam nos ensinando algo sobre nutrição. Devemos aproveitar o que há de bom nelas mas continuar a buscar uma mudança mais profunda e eficaz.

Só nos conhecendo melhor é que realmente conseguiremos nos transformar.

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